sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O ILUMINISMO (SÉC. XVIII) - Introdução. (Prof. José Antônio Brazão.)

O Iluminismo foi um movimento de ideias característico do século XVIII que teve repercussão em vários ramos do saber, inclusive no campo filosófico. Em nome do uso adequado e sábio da capacidade intelectual, racional, própria do ser humano, combateu duramente as superstições, a intolerância religiosa, o fanatismo e a ignorância. Caracterizou-se também por opor-se ao autoritarismo e por valorizar imensamente a razão, a ponto de se fazer, ainda hoje, uso da expressão luzes da razão para referir-se a esse período e à capacidade humana de compreender, com clareza e minúcia, o mundo ao redor, tanto natural quanto humano.
A razão bem conduzida pode contribuir para o progresso humano, nos campos científico, artístico, social, econômico, político, geral. A razão é comparada à luz. De fato, o termo iluminismo advém de iluminar, isto é, trazer luz, expor à luz, clarear. Tudo que se opõe ao avanço da condição humana (ao avanço da liberdade de expor as próprias ideias, por exemplo) pode colocar a humanidade em trevas e dificultar o progresso.
A intolerância religiosa, por exemplo, impede que ideias novas no campo das ciências e em outras áreas possam contribuir para trazer avanços significativos para a compreensão do mundo e até a melhoria da vida humana. Galileu Galilei, no século anterior, pode ser citado, dadas as perseguições que sofreu. No século XVIII, a Enciclopédia, que pretendia ser uma obra de divulgação de conhecimentos em diferentes áreas da(s) cultura(s) humana(s) e das ciências produzidas até então, teve sua publicação dificultada e até proibida por conta da intolerância.
A intolerância religiosa também esteve presente na vida de cidadãos comuns e renomados. Voltaire, filósofo francês, teve que lutar, em vários momentos, para limpar o nome de pessoas que haviam morrido por serem julgadas à revelia por não defenderem a opinião religiosa vigente ou por algum descuido, como foi o caso de um homem preso, julgado e condenado por não ter tirado o chapéu durante uma procissão. Voltaire lutou, do mesmo modo, para livrar outras da morte ou para limpar seus nomes.
Immanuel Kant, filósofo alemão desse século e início do seguinte, defendeu a ideia de que seria preciso que os governantes dessem a devida liberdade de opinião para que seus súditos pudessem pensar por si mesmos e a expressar-se livremente, contribuindo assim para o progresso de seus respectivos reinos e da humanidade.
O pensamento e as obras iluministas, com seu ideário, espalhou-se por vários lugares do mundo, como a América do Norte, influenciando na luta pela Independência dos EUA, o Brasil, também movimentos de independência, dentre outros. E decisivamente contribuiu para a divulgação de novas ideias, novos conhecimentos e valores.
Para se poder entender o iluminismo e a filosofia nele presente é preciso voltar aos séculos XVI e XVII, particularmente, durante os quais ocorreram mudanças significativas na economia, na política e na cultura europeias, dentre as quais se destacaram: as grandes navegações e descobertas marítimas, o Renascimento artístico e cultural, o Renascimento científico, com uma série de descobertas fundamentais na astronomia, na matemática, na física e outras ciências. No século XVIII, também a Revolução Industrial. Com elas, uma nova percepção de mundo. A essas influências pode-se acrescentar o absolutismo. As filosofias racionalista e empirista também exerceram influência.
Ao valorizar a cultura, os novos conhecimentos que vinham se desenvolvendo a respeito do mundo, das ciências e das técnicas, o iluminismo opôs-se à ignorância, que impede a abertura da mente para a descoberta e a crítica, tornando as pessoas mais vulneráveis a ideias falsas, a falsas crenças, ao dogmatismo, ao fanatismo e à manipulação.
O dogmatismo - imposição de determinadas ideias e valores como se fossem dogmas inquestionáveis -, aliado ao fanatismo, era (e ainda hoje é) perigoso, por não admitir o contrário, o diferente, a contraposição. No século XVIII, em plena Europa, pessoas iam para a fogueira ou outro tipo de morte em razão de suas ideias e/ou de sua religião. Era a intolerância religiosa, como foi visto logo acima.
Intolerante é uma pessoa que não tolera, não admite, o diferente: pensar, agir, ser ou viver de modo diferente. A intolerância religiosa e qualquer outra são extremamente perigosas. No mundo atual, um exemplo, são pessoas atacadas e agredidas por suas ideias, seu modo de vida, sua cor, por seu modo de ser e\ou por suas escolhas. Os iluministas, já no século XVIII, combatiam firmemente a intolerância, filha do dogmatismo, da ignorância e da falta de respeito pelo diferente, pois, juntos, punham em xeque o progresso e o crescimento humanos fundados no bom direcionamento e bom uso da razão.
Para saber mais:

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DAVID HUME (1711 - 1776)

David Hume, filósofo escocês do século XVIII, escreveu dois livros importantes e fundamentais do empirismo inglês: o Tratado da Natureza Humana e a Investigação sobre o entendimento humano. Neles Hume defende que o HÁBITO ou COSTUME, partindo da experiência sensível, da observação dos fenômenos, é o meio ou caminho básico através do qual se processa o conhecimento humano.
Hume parte de ideia de que a experiência é a fonte primária dos conhecimentos, porém ela, por si só, não basta. É preciso algo mais. O quê? Experiências repetidas de um mesmo fenômeno. De tanto ver ou perceber um fenômeno sempre ocorrendo da mesma maneira, a mente estabelece uma relação de causa e efeito e extrai daí uma conclusão geral a respeito do fenômeno. De acordo com a lógica, este é um raciocínio indutivo, isto é, que vai dos fenômenos particulares, neste caso repetidos, a uma conclusão geral, fruto do hábito.
De tão acostumados que estamos a ver o dia vir depois da noite, e vice-versa, somos levados pelo hábito a concluir que amanhã, ou melhor, a cada dia, ocorrerá da mesma maneira. De tanto ver o fogo destruindo objetos, concluímos que o fogo queima e destrói. Na ciência ocorre algo semelhante: de tanto observar fenômenos ocorrendo sempre do mesmo jeito, os cientistas formulam leis gerais que sirvam para todos os casos.
No entanto, o hábito não dá certeza absoluta de que os fenômenos ocorrerão sempre do mesmo jeito. É preciso algo mais. O quê? A crença. Ou seja: acreditar que do modo como foi antes e é agora assim será no futuro.
Como se pode ver, na construção do conhecimento juntam-se, pois, para Hume, a experiência, o hábito e a crença. A experiência sensível dá a percepção direta e momentânea do fenômeno. O hábito é fruto de experiências repetidas, em momentos diferentes, daquele fenômeno. A crença, ligada ao hábito, enfim, faz uma ponte entre o presente, o passado e o futuro, tornando possível a elaboração de uma lei gera acerca do fenômeno estudado. Tem-se aqui, como foi dito, uma indução: de várias experiências particulares repetidas tira-se uma conclusão geral, universal, a respeito dos fenômenos. A conjunção desses três fatores é de extrema importância para a elaboração dos conhecimentos humanos.
Referências:
Encarta Enciclopédia.